Postal antigo de um Carnaval em Moçâmedes no início do século XX
Nada
melhor do que a aproximação da quadra carnavalesca para colocarmos
aqui algo que nos remeta para o modo como os Carnavais foram
acontecendo em Moçâmedes ao longo dos tempos. A foto acima, a mais antiga que conseguimos, do inicio do século XX, mostra-nos uma "dança de rua" de africanos do grupo social "quimbar" (1). Trata-se da Rua dos
Pescadores, onde se pode ver, ao fundo e à esquerda o edificio de 1º andar que pertenceu aos Zuzarte de Mendonça Torres. Mais próximo, e também à esquerda, moradores da mesma rua às janelas das suas casas, protegidos do sol por sombrinhas, apreciando o desfile.
Postal antigo de um Carnaval de "quimbares", em Moçâmedes, no início do século XX
Segue-se outra foto das primeiras décadas do século XX, em Moçâmedes. Este grupo de "quimbares" apenas
composto por elementos masculinos exibe-se com indumentárias muito europeias,
algumas das quais ligadas à Marinha. À esquerda, envergandos chapéus pretos, dois africanos com casacos brancos parecem sugerir as figura de dois "sobas" da região (Quipola e Giraúl?). Repare-se nos
instrumentos musicais. Aqui a harmónica ou concertina convivem lado a
lado com o tambôr e o pandeiro. Outros exibem paus que fazem lembrar a "Capoeira", expressão cultural brasileira, de origem africana, mistura de arte marcial, desporto, cultura popular e música, incluindo acrobacias em solo ou aéreas. Gilberto Freyre, o
sociólogo brasileiro, encaixaria esta foto no quadro de uma concepção "lusotropical" da colonização portuguesa. Ou seja na ideia da“ especial capacidade de o português de se misturar com os povos dos tropicos trocar padrões culturais, e criar sociedades sincréticas e harmónicas...”
Muita gente era levada a acreditar que o CARNAVAL como festa do povo foi uma invenção dos africanos,
mas não, o Carnaval português tem origem europeia, recebeu a influência das "mascaradas" italianas, e ao emigrar para o
Brasil, no contacto com os africanos ganhou caracteristicas próprias, as mesmas que vamos encontrar no Carnaval angolano.
Lancemos um olhar para o modo como o Carnaval de rua era festejado na década de 1950
entre os africanos, em Moçâmedes, como nos mostram as fotos que seguem, conseguidas através do espólio que "herdei" de minha sogra. Estamos perante o grupo que conhecemos por "quimbares", um grupo social (não étnico) , que se formou em Moçâmedes após a chegada dos 1ºs colonos fundadores, idos de Pernambuco Brasil, em 1849, que se fizeram acompanhar de seus serviçais. Os primitivos "quimbares de Moçâmedes" eram africanos descendentes de escravos , provenientes de vários pontos do território e de várias etnias, sobretudo ambundos, levados para o Brasil, que nas terras de Santa Cruz, se miscigenaram, e no contacto com seus patrões brancos, adquiriram uma cultura própria, cristianizada, ainda africana, mas eivada de usos e costumes luso-brasileiros. Chegados a Moçâmedes eles distinguiam-se dos mucubaes, dos mucurocas, dos mucuisses, povos que habitavam junto às varzeas dos rios Bero e Giraul, que andavam seminus, plantavam as suas lavras, pastoreavam seu gado. Os quimbares vestiam-se com panos da cintura
para baixo, com pequenas blusas cobrindo busto (as mulheres), calças e camisas (os homens). No Brasil tinham aprendido a
festejar o Carnaval, ao qual haviam dado um cunho próprio.
Concentração das danças de rua africanas no velho recinto de terra batida que era então o nosso campo de futebol... Foto de MariaNJardim
As danças do Forte de Santa Rita e do plateau da Torre do Tombo, nos anos 1950. Foto de MariaNJardim
Por essa altura eram quatro as chamadas danças de rua em Moçâmedes: a do plateau da Torre do Tombo, a do Forte de Santa Rita, a do Benfica e a da Aguada. A concentração começava cedo, e fazia-se no interior do antigo campo de futebol, ao lado da Estação dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes, de onde partiam, desfilando pelas ruas da cidade durante os três dias em que decorria o Carnaval . À frente iam os reis e as rainhas, trajando carnavalescamente à guisa dos reis e rainhas europeias, com as respectivas corôas e os ceptros reais, corôas que nas rainhas eram colocadas em cima de véus que vinham até ao chão, fazendo lembrar as santas dos altares nas igrejas católicas.
Tudo servia de indumentária nesses três dias de paródia...Foto de MariaNJardim
Na década de 1950, com seus reis e suas rainhas, e damas de honor, festejando o Carnaval em Moçâmedes.
"Quimbares" ensaiam passos de dança no interior do campo de futebol de Moçâmedes.
Nas danças de rua, imediatamente a seguir aos reis e às rainhas vinham os tocadores que utilizavam músicas compostas especialmente para aqueles dias, e instrumentos musicais de percussão para marcar a cadência rítmica que se fundia com as passadas inimitáveis da dança. Tudo servia: tambores, bombos, cornetas, reco-recos, marimbas, quissanges, apitos, latas, garrafas, ferrinhos. Mais atrás seguiam os bailarinos, dançando, cantando, erguendo paus, cartazes, bandeiras e estandartes, com rostos pintalgados, panos garridos, lenços coloridos, capas, colares, soutiens, pulseiras, brincos, óculos, chapéus de abas largas, bonés, calças listadas, casacas ornamentadas com adornos representando postos de exército, etc. Outros exibiam-se semi-nús, com saia curta de sarapilheira, penas na cabeça, simulando índios em suas lutas e rituais, azagaias, máscaras rudimentares de papelão, etc... O ritmo da dança era comandado pelo apito do mestre que a comandava.
O Dominguinhos ceguinho, poeta muito conhecido e acarinhado em Moçâmedes, que aos sábados percorria a cidade de ponta a ponta em busca de esmolas, era quem compunha a música e a letra da «dança» do Forte de Santa Rita. O cozinheiro do ti Óscar Almeida, era sempre o rei da «dança» do plateau da Torre do Tombo. As letras continham críticas sociais, apontavam para assuntos na ordem do dia, temas como o alcoolismo, o endividamento, as mulheres de mau porte, os amores perdidos, achados, frustados e maculados... Mas também a crítica velada ao regime político vigente era tema para a letra das canções.
As danças ao desfilarem pelas ruas da cidade paravam em determinadas portas e faziam a sua exibição que terminava com uma vénia cortês do líder, que recebia um «matabicho», que se consubstanciava numa gratificação em dinheiro, ou numa garrafa de vinho e algo para comer, o que vinha a calhar sobretudo quando a fome e a sede começavam a apertar...
E a festa terminava em apoteose, quando ao fim do dia, no regresso a casa, já bem bebidos e excitados, fruto da colheita de vários donativos conseguidos pelas "danças" no decurso das exibições efectuadas às portas das casas, os nossos "quimbares", componentes de grupos rivais, se encontravam frente a frente, lá para os lados do Cemitério, e do encontro redundava numa autêntica batalha campal de luta corpo a corpo, que obrigava por vezes à intervenção da polícia.
Este seria, pois, o substrato básico da cultura
carnavalesca vivida em Moçâmedes no período apontado, em que se assistiu
a uma contaminação de culturas, que nada
nem ninguém jamais poderua travar. Não há culturas puras. Bastaria para tal verificarmos que
dentro de cada um de nós existem culturas diversas. O multiculturalismo
é muito mais antigo do que pensamos. Ser europeu, por exemplo, já é um
produto histórico com muitas misturas! O povo quimbar de Moçâmedes, hoje NAMIBE, é simbolo dessa miscigenação de culturas, à
qual só podem resistir os povos que persistem em se manterem isolados
no seu etnocentismo. O futuro não se compadece com exemplos tais. que
estão condenados a desaparecer em prol de Angola unida e próspera! O
povo quimbar de Moçâmedes, dada a sua miscigenação, não representa
qualquer etnia, e por isso mesmo é simbolo da NAÇÃO ANGOLA!
Saltemos agora para o modo como o Carnaval era era festejado em Moçâmedes no seio da comunidade europeia, e segundo tradições europeias, igualmente trazidas da Metrópole e do Brasil.
Testemunhos que passaram de geração em geração referem que os antigos Carnavais na forma de Entrudo incluiam as tradicionais largadas de combates de carro para carro, de início entre carroças boer de tracção animal, numa verdadeira luta em que as armas eram os ovos, cocotes de farinha ou fuba, água de chafariz, água de cheiro, etc. etc. Estamos a falar de finais do século XIX, inícios do século XX. Também por essa altura teriam começado os primeiros bailes de máscaras, concursos de trajes carnavalescos, festas em casas particulares (assaltos), e, à noite, depois do jantar, como era costume entre algarvios, uma das comunidades europeias mais importantes da cidade, a saída à rua das "mascarinhas". Ou seja, pequenos grupos de pessoas de várias idades, à noite, disfarçadas com trajes improvisados no momento, que podiam ir do simples lençol com dois buracos e um cajado na mão, simulando fantasmas, ou envergando qualquer veste ao alcance da mão, calcorreavam as ruas, batiam de porta em porta, entravam e saiam, falavam com voz disfarçada, gesticulavam ou simulavam um qualquer defeito físico, tendo a brincadeira por objectivo o desafio ao reconhecimento dos mascarados, que de modo algum se davam a conhecer. Num tempo em que não havia à venda as requintadas máscaras dos dias de hoje, a improvisação era a saída. Eram paródias nocturnas e diunas com que as pessoas se divertiam nesse tempo em que não havia luz eléctrica, a escuridão metia medo, mas que se foram perdendo o brilho conforme se avançava para meados do século XX, e os ventos da modernidade que começavam a chegar até nós acabaram por diluir por completo.
Com o correr do tempo, o Carnaval em Moçâmedes passou a insinuar-se no interior dos salões dos clubes desportivos que iam surgindo pela cidade, primeiro o Ginásio Clube da Torre do Tombo fundado em 1919, onde a
partir dessa altura passaram a realizar-se animados bailes de máscaras que
canalizavam para aquele bairro, gente de todos os cantos da cidade.
Estou imaginando os primeiros bailes de Carnaval ali organizados, numa
época em que o ritmo da dança passou a ser ditado pelo charleston, essa dança vigorosa em que as mulheres agitam os
vestidos, balançando os longos colares e ondulando as plumas e os
leques, cruzando e descruzando as mãos sobre os joelhos, mas também as
marchinhas inspiradas pela cadência rítmica dos ranchos populares, pelas valsas e pelos tangos.
Foto gentilmente cedida por Maria Etelvina Ferreira de Almeida datada de 1938, numa festa realizada no Ginásio em Moçâmedes.
Mas aconteciam também no Ginásio Clube da Torre do Tombo concursos de máscaras carnavalescas infantis e juvenis, para além de recitais, momentos de teatro, etc, que decorriam no pequeno palco da sala anexa ao salão de baile.
Foto gentilmente cedida pelo Dr. Farrica, da Huila. Anos 1940.
Avancemos para meados do século XX. Durante os três dias de Carnaval tudo servia de paródia, inclusive imitar A ou B, a silhueta de alguém demasiado gordo ou demasiado magro, capaz de desencadear o riso que a quadra suscitava. Na foto, a divertida moçamedense Regina Peixoto (proprietária da Papelaria Regina, na Rua da Praia do Bonfim) num Carnaval algures na década de 1940, vestida com o fato do Dr. Novais, o médico na época director do Hospital de Moçâmedes. A seu lado, a esposa do Dr Farrica.
Tudo servia de paródia nestes dias hilariantes como se pode ver pela foto que segue:
Foto do livro de Paulo Salvador
Trata-se do auto-intitulado grupo "juventude
rebelde" por volta de finais dos anos 1940, início de
50, cumprindo "rituais de iniciação" no antigo campo de futebol de terra batida ao fundo da Avenida. Entre outros, à esq. para a dt: José Adriano Borges, Amadeu
Pereira, Norberto Gouveia (Patalim), Caála, ??, Mário Bagarrão, Helder
Cabordé, Renato Sousa Veli, Artur Paulo Carvalho (Turra), ?? .
Era
assim que o Carnaval, na sua forma semi-entrudesca, atingia o seu
clímax em Moçâmedes, com as fustigantes "batalhas de cocotes" entre
grupos "rivais", como mostra esta foto, tirada em 1955 nos jardins da
Avenida da República, ali bem juntinho ao "Quiosque do Faustino. Estas "batalhas" tanto se desenrolavam no terreno, corpo a
corpo, como a partir do cimo de camionetas de caixa aberta alugadas
para o efeito e enfeitadas com folhas de bananeiras, que se deslocavam
ao longo da Avenida da República, entre as Ruas da Praia do Bonfim e a Rua Bastos, e ao se cruzarem davam origem a violentos e
cruzados "bombardeamentos" de cocotes que deixavam durante três dias a cidade
irreconhecível, tendo a Câmara Municipal de Moçâmedes que, logo pela
manhã, mandar proceder à limpeza daquele local, que era o epicentro, a sala de visitas da
cidade.
A Batalha da "cocotes" decorria normalmente na Avenida da República. Aqui a disputa fazia-se junto do "Quiosque do Fautino"- Foto do meu album.
Outra foto da "batalha da "cocotes" que fazia vibrar a juventude nos anos 1950. Esta também junto ao referido.Foto do meu album.
Cada grupo de véspera
começava a confeccionar os ditos «cocotes» colocando pequenas porções
de farinha de trigo dentro de quadrados de fino papel de seda de várias
cores, e atando-os com linha de forma a produzirem pequenas bolas,
prática possivelmente herdada dos chavaris medievais que incluiam
zombarias, pancadarias simbólicas, enfarinhadas, seringadas e molhaças
que decorriam nas ruas das cidades.
Foto do livro de Paulo Salvador
"Bilibaus e Tragateiros" num Carnaval em Moçâmedes em 1955, antes das "batalhas de cocotes" . Foto do livro de Paulo Salvador. São, da esq. para a dt., em cima: Leão da
Encarnação, Mário de Figueiredo, ?, António Ferreira (Penha), Amadeu
Pereira, Fernando Peçanha, Anatálio Pereira, ?, ?, ?, Norberto Gouveia e
António Barbosa. Embaixo: Albertino Gomes, José Adriano Boorges, João
Bernardinelli, Wilson Pessoa, Edgar Aboim, ?, João António Guedes, ? ,
Renato Sousa Veli, Artur Paulo de Carvalho (Turra) e Mário Júlio
Peyroteu...
Foto do meu album
Outro grupo participante na "batalha de cocotes", este do bairro da Torre do Tombo. . 1955. No
topo: Zequinha Esteves, ? e Amilcar Almeida. De pé: Arménio Jardim,
José Patrício (aviador), ?, Nelinho Esteves, Bulunga, Eduardo Faustino
(gémeo) Lopes, Fernando Pessanha, Armando Esteves (Trovão), José Carlos
Lisboa (Lolita), Manuel Cambuta, João António Bagarrão Pereira (John),
Mário Ferreira e Gabriel. De joelhos: ?, Pedro Eusébio, Joaquim
Gregório, Bernardino (Noca), Zeca Carequeja, ?, Eugénio Estrela, Dito
Abano e Rui Carapinha. À frente ?.
Desfile de carros alegóricos: "O Tragateiros" . Foto do meu album (espólio da mina sogra).
A evolução do Carnaval permitiu um novo tipo de exibição: o
desfile de "carros alegóricos" que em Moçâmedes foi inaugurado nesse
fabuloso ano de 1955, e que decorreu, como não podia deixar de ser em volta da longa Avenida da República, pelas Rua da Praia do Bonfim e Rua Bastos. Nesta foto, podemos ver o grupo "Os
Tragateiros" empurrando um veículo transformado numa enorme pipa de vinho.
Desfile de carros alegóricos em 1955. Foto do meu album.
Aqui podemos ver o carro alegórico representativo do "Bairro da Torre do Tombo" a
passar junto do edifício dos Correios que então ainda era de constrição recente. Integam este
carro: Osvaldo Correia, Óscar, José Duarte, Eurico, Nidia Almeida,
Eduarda Bauleth Almeida, Celisia Calão, Ricardina Lisboa, Manuela
Bodião, Salete Braz e Francelina Gomes (quase todas as componentes
femininas faziam parte da equipa de basquetebol do Ginásio Clube da
Torre do Tombo).
Neste Corso realizado no ano de 1955 participaram mais de uma dezena de carros, do cimo dos quais grupos de foliões, rapazes e raparigas, em
brincadeira animada com os que os observavam a partir da Avenida, ou
acompanhavam a pé o cortejo, trocavam confetis, serpentinas, flores,
etc.
Foi o Corso possível, nesses tempos em que só o engenho e a arte
podiam suprir a carência de materiais disponíveis no mercado
moçamedense, fruto da reprovável política de import/export então
prosseguida pela Metrópole em relação a Angola que durante muito tempo impedira a colónia de progredir.
A verdade é que este Corso ficou para sempre na memória daqueles que na
época viviam em Moçâmedes, nesses tempos anteriores a 1960 e à explosão
populacional que a partir daí se verificou em toda a Angola, quando ainda todos nos conheciamos e "todos eram primos e primas"...
O carro alegórico representativo do Banco de Angola, passando junto da sede do referido Banco. Foto do meu album (espólio da mina sogra).
Foto do meu album (espólio da mina sogra).
O carro alegórico representativo do Banco de Angola passando junto do edifício onde ficava a Papelaria Regina...
Foto do meu album (espólio da mina sogra).
O carro alegórico representativo do Grupo Desportivo do Banco de Angola foi o mais requintado e por via disso, o vencedor!
Foto do meu album (espólio da mina sogra).
Este
carro alegórico representava a firma João Pereira Correia, Lda. (de
João Pereira Correia e José Duarte), representantes em Moçâmedes das
máquinas de costura Oliva.
Parodiantes eram adultos jovens, destemidos, provocadores, irrequietos, mas cujo comportamento se transformava radicalmente, quando, ao anoitecer, começavam as matinées dançantes nos clubes da terra (ao tempo, no Aero Clube, no Atlético Clube de Moçâmedes, mais tarde também no Clube Nautico), e após o jantar os animadissimos bailes que duravam a noite inteira até o amanhecer, ~Como alguém disse rebelde mas sabendo ser romântica, quando as circunstâncias convidavam a tal...
Foto do livro de Paulo Salvador
Momento da eleição dos reis de Carnaval num baile realizado em Moçâmedes em 1955
A foto acima mostra-nos o momento da eleição do Rei e
da Rainha num baile de Carnaval realizado no salão do Atlético Clube de
Moçâmedes em 1955. A Rainha eleita tinha sido a Maria Julia Maló de
Abreu (Pitula), filha de Moçâmedes, à época basquetebolista no Sporting
Clube de Moçâmedes. O Rei, escapa-me o nome, sei que trabalhou na Casa
das Noivas, que corria na maratona de fim de ano em Moçâmedes, e nada
mais. A entrevistar os eleitos, o chefe de produção do Rádio Clube de
Moçâmedes, Carlos Moutinho, tendo a seu lado Oliveira (Maboque). À esq.
Lalai Jardim, por detrás da "Rainha", Silvestre, e mais à dt, Arnaldo
Matos?, Renato Veli, Mário de Sousa; um pouco baixo, Simão. Ao fundo,
elementos do animado conjunto musical "Os Diabos do Ritmo", que na foto a
seguir surge em pleno, e do qual fizeram parte, nesta noite, o pianista
e acordeonista Albino Aquino (Bio), Albertino Gomes, Frederico Costa e
Marçal. Faltava aqui o Lico Baía (acordeonista).
Recordar os bailes de Carnaval em Moçâmedes, com máscaras ou sem máscaras, é recordar
momentos inesquecíveis vividos primeiro nos salões do Ginásio
Clube da Torre do Tombo e do Aéro Clube (até finais de 1940), nos
salões de festas do Atlético Clube de Moçâmedes e do Clube Nautico
(Casino), após 1950, e também no velho Ferrovia, que tinham com ponto culminante a eleição do Rei e a da Rainha da festa, recaindo a
escolha, infalivelmente, nos mais divertidos da noite. Mas é também de recordar
as histórias contadas pelas nossas avós de um tempo em que não existiam
clubes nem salões e as festas decorriam ao ar livre, dançando-se em cima
de estrados de madeira montados para tal, ou em casas particulares e no
interior de antigos barracões.
Foto do meu álbum pessoal
Esta foto foi tirada num baile de Carnaval de
1954, no Clube Nautico (Casino). O meu primeiro baile! Entre
outros, da esq. para a dt, Rui Bauleth de Almeida (RCM) e a inesquecível
e irrequieta Octávia de Matos, Nídia e Arménio Jardim, Marta e Gabriela, Antunes Salvador (fotógrafo) e Justina
Salvador, à esq. Um pouco atrás, à esq., Monteiro, Cristão (Quitólas) e
Artur Homem da Trindade (desenhou as vivendas e os edifícios mais
bonitos de Moçâmedes).
Eram bailes onde todos se divertiam em conjunto, pais,
filhos, tios e primos, e até avós. A década de 1950 foi uma década de
transição entre duas épocas. Dançava-se ainda, e muito, os
clássicos e muito solicitados tangos e valsas («Comparcita», «Caminito»,
Danúbio Azul, Valsa dos Patinadores, etc.), dançavam-se baiões,
marchas, passodobles, rumbas, slows, boleros, etc., apeesar de já
terem começado a entrar em cena modernos rock-and-roll e o twist. Mas eram sobretudo
as marchinhas brasileiras, os animados baiões, os passodobles e as
rumbas que nos Carnavais predominavam. Uma marcha que nunca podia
faltar nos bailes de Carnaval em Moçâmedes, sobretudo nesses tempos em
que actuavam os "Diabos do Ritmo", era a marcha brasileira "Você pensa que cachaça é água...". Era com ela que geralmente encerravam os bailes de Carnaval. E também passodobles... e tangos, como a imortal «Comparcita»
de Carlos Gardel, o tango eleito dos namorados, pelo prazer da
proximidade física por instantes socialmente tolerada, e pelo
romantismo que o género musical tangos acarreta. "Por instantes socialmente
tolerado", sim, porque nos anos 1950 ainda as raparigas eram alvo fácil
para a crítica social muitas vezes demolidora, que punham em causa a sua
reputação... A verdade é que ninguém parava até ao raiar do dia, e
quando o baile chegava ao fim, toda a gente pedia mais uma musiquinha...
Ninguém saia dalí cansado! Terminado o baile, era comum os rapazes
sairem dos salões directamente para uns refrescantes mergulhos na Praia das
Miragens. Era o tempo dos grandes calores. E a partir das 17hs do novo dia, lá estavam todos de novo,
caidinhos, para a matinée dançante! Acontecessem no Casino ou no
Atlético, fossem bailes de Carnaval ou Reveillons de passagem de ano, ou em outras
quaisquer datas, a lotação das mesas sempre esgotava, restando aos mais
jovens, do sexo masculino, ficar de pé junto ao átrio de entrada do
salão, enquanto as raparigas, as jovens senhoras e os casais mais idosos
ocupavam o conjunto de mesas que rodeavam os salões.
Foto do livro de Paulo Salvador
O
conjunto musical os «Diabos do Ritmo» era na década de 1950 o grande animador das festas da cidade de Moçâmedes, pelos
animados bailes que proporcionou, que se prolongavam pela noite fora
até ao raiar do dia, e pelas matinées dançantes aos domingos à
tarde, que acabavam impretrivelmente às 20 horas. Segue um poema dedicado
por Neco Mangericão a este Conjunto Musical:
"DIABOS DO RITMO
Às meninas do meu tempo
Acabei de ouvir a história dum violão
Uma coisa tão linda assim,
trouxe-me a velha recordação
de um grupo folião e seresteiro,
de malta pobre e sem dinheiro
mas com muita, muita vocação.
Ai que saudade sinto em mim
desse tempo pioneiro
em que vos tiravam da cama
acordes que subiam em chama
numas canções apaixonadas,
tocadas e em coro e cantadas
pelo Jaime Nobre, o Albertino
pelo Neco, o Cerieiro, o Bino (*)
e o Lito Baía, viola fenomenal,
e, ainda, pelo barbeiro Marçal
Assim passávamos o verão,
entre capoeiras assaltadas,
serenatas e churrascadas,
ou caranguejadas e afins,
lá na Aguada, no Martins,
que as fazia, a troco de nada.
E o tempo tudo levou.
Tudo passou e acabou
Aquela malta boa e temerária
seus instrumentos arrumou,
eu já não tenho o meu bandolim,
e a nossa voz p'ra sempre voou,
tal como também se acabou
aquela Banda extraordinária
que "Diabos do Ritmo" se chamou,
e que o nosso grupo formou.
Não se voltou a ver outra assim...
Quem se lembrará hoje dela?
(*) Desculpa lá Bio, pus Bino só para rimar NECO
(João Manuel Mangericão)
A propósito, os "Diabos do Ritmo" tinham por hábito fazer serenatas à porta das casas das
raparigas. Acontecia de quando em quando, no Verão, aos fins de semana, por volta da
meia noite, quando a cidade já dormia, deslocavam-se para o efeito em camionetas de caixa aberta que
transportavam os instrumentos musicais (por vezes até o piano).
Eram serenatas umas vezes efectuadas por iniciativa dos músicos, outras encomendadas por namorados que se juntavam aos músicos e até
participavam do côro. E nem todas as raparigas as recepcionavam de igual
modo. Umas, com mais à vontade e desinibição, vinham às janelas
das suas casas oferecer sorrisos e agradecimentos e até algo de comer/beber. Outras,
mais tímidas, limitavam-se a observar e a escutar as românticas
canções, embevecidas, espreitando encobertas por detrás de cortinas... Todas felizes com a
genial ideia!
Foto do livro de Paulo Salvador
Muita
gente conhecida nesta foto, para além de Maria Lidia e Arlindo Cunha
(pequeno comerciante pa praça), os reis do Carnaval 1954, no Atlético.
Entre outros, da esq. para a dt, por detrás dos eleitos: Renato de Sousa
Veli, ?, Tó Zé Carvalho Minas, Carlos Moutinho (chefe de produção do
RCM), Jesuina Almeida Carvalho, Carla Almeida Frota, Beatriz Almeida
Frota, Alvaro dos Santos Frota e José Adriano Borges (o popular tio
Alegria dos programas infantis das manhãs de domingo no RCM, e
treinador, fundador e jogador de hóquei em patins do Atlético Clube de
Moçâmedes) .
Foto gentilmente cedida por Maria Lidia, a rainha do Carnaval deste ano, e uma grande cantora dos Programas da Simpatia
Esta é a foto de um dos mais animados baile de Carnaval , o
ocorrido no Salão do Clube Nautico (Casino), i clube mais "IN" da cidade, em
1954. E como não podia deixar de ser, foi também abrilhantado pelos
famosos "Diabos do Ritmo". Através da foto podemos ver o acto da
coroação do Rei e da Rainha da festa, ou seja, da Maria Lídia e do Arlindo Cunha, os mais dados à paródia. Maria Lídia foi em 1954 a
merecida «Rainha» deste baile de Carnaval, senhora de uma vivacidade
contagiante, para além disso cantava lindamente e emanava uma simpatia
que não podia deixar de prender aqueles que com elas tiveram o
privilégio de contactar. Arlindo Cunha, o «Rei», marcava pela seu modo
de ser e de estar, pela sua simplicidade e boa disposição, era um homem
apaixonado pelas coisas de que gostava, dinâmico e empreendedor, e um
grande amigo e mecenas do Atlético Club de Moçâmedes.
Havia ainda os "Assaltos de Carnaval" levados a cabo em qualquer outro salão, como o do Hotel Central, ou em casas particulares, em garagens, etc, por grupinhos organizados e devidamente mascarados, que entre si se combinavam para o efeito.
Carnaval de rua em Porto Alexandre (Tombwa), imitando as danças indígenas. Fotos cedidas por Álvaro Faustino
Por
esta altura (anos 50/60), na vizinha Porto Alexandre (actual Tombwa), a
sua juventude não deixava em mãos alheias as festividades do Carnaval.
Para além dos animados bailes de salão, podemos ver aqui, como no seio
daquela comunidade europeia, à semelhança das chamadas "danças
indígenas", aconteciam também danças de rua. Era como que uma
interpenetração de culturas que estava em marcha, fenómeno aliás deveras interessante.
Em Porto Alexandre, Carnaval sem Gigantones e cabeçudos não era Carnaval...Foto cedidas por Álvaro Faustino
Baile de Carnaval em Porto Alexandre. Foto cedida por Álvaro Faustino
Baile de Carnaval em Porto Alexandre. Foto cedida por Álvaro Faustino
Divertidos
como era os alexandrenses, também os bailes do Recreativo (anos 50, 60,
70...) eram inigualáveis, pela alegria e pela camaradagem com que se
desenrolavam. Aliás o que se poderia esperar de uma festa onde o casal
Álvaro Faustino e Elizabete Pessanha estavam presentes? Paródia,
paródia e mais paródia!
No
Clube Nautico em 1960, crianças num concurso de máscaras infantis:
Fernanda Alves, ?, ?, Graciete Vaz Pereira e Tita Vaz Pereira
Foto cedida por uma moçamedense
Mas o Carnaval em Moçâmedes tinha ainda outras facetas que não devem ficar
esquecidas. Eram os concursos de máscaras de Carnaval dedicados aos mais
novos que decorriam quer no Cine Teatro de Moçâmedes, quer mais tarde
no Cine Esplanada Impala, ou ainda nos salões do Atlético e do Clube
Nautico (Casino).
Nesta
foto, Bellany Veiga Baptista faz a sua apresentação no Clube Nautico?,
vestida de nazarena. À dt. Albertino Gomes (a dt.), o "endiabrado"
baterista do conjunto musical "Diabos do Ritmo». Foto de Bellany.
Leninha Jardim Vilaça, vencedora num dos Concursos Infantis de Carnaval realizado no Impala Cine, no incio dos anos 1970 Foto da Leninha Jardim
Ana Paula Jardim. Foto do meu album
Outro
Concurso Infantil, onde se evidencia a pequenita Carla Branco Câmara (Caly). vestida de "boneca" no interior
de uma caixa de papelão. Estava-se no ano 1970.
Foto da Caly
Voltemos mais uma vez ao Carnaval de rua dos africanos que teve o seu
grande "apagão" em 1961, em consequência dos
massacres selvaticamente perpretados pela UPA (União dos Povos de
Angola, mais tarde FNLA), afinal contra gente trabalhadora e indefesa, europeus e africanos, que
ganhavam o seu pão a trabalhar duro nas fazendas do norte de Angola. Como em todos os tempos e em todas as situações, os sistemas políticos criam problemas e as pessoas é que pagam. 1961 foi em consequência o ano do início da luta armada do "exército
português" contra os movimentos de libertação que só terminaria com o golpe militar do 25 de Abril, em 1974.
Foi a partir de então que, com a proibição de ajuntamentos e manifestações de rua, que acabaram as "danças indígenas" em Moçâmedes , as animadas danças que durante três dias desfilavam, cantando e batucando pelas ruas da cidade. A grande festa do povo acabara, abruptamente. Acabaram as exibições de máscaras, e até as animadas batalhas de «cocotes» que deixavam a Avenida da República e as ruas laterais todas desarrumadas e cobertas de farinha chegaram ao fim. Deixámos de ver desfilar em torno da Avenida da República os corsos de carros alegóricos, uma prática recente patrocinada pelos clubes e pelos jornais da terra, que dava oportunidade para competições, fazia jus a prémios patrocinados por casas comerciais aos carros melhor ornamentados, imprimiam à festa as caracteristicas de um Carnaval europeu.
Foi a partir de então que, com a proibição de ajuntamentos e manifestações de rua, que acabaram as "danças indígenas" em Moçâmedes , as animadas danças que durante três dias desfilavam, cantando e batucando pelas ruas da cidade. A grande festa do povo acabara, abruptamente. Acabaram as exibições de máscaras, e até as animadas batalhas de «cocotes» que deixavam a Avenida da República e as ruas laterais todas desarrumadas e cobertas de farinha chegaram ao fim. Deixámos de ver desfilar em torno da Avenida da República os corsos de carros alegóricos, uma prática recente patrocinada pelos clubes e pelos jornais da terra, que dava oportunidade para competições, fazia jus a prémios patrocinados por casas comerciais aos carros melhor ornamentados, imprimiam à festa as caracteristicas de um Carnaval europeu.
A
quadra carnavalesca a partir de 1961 perdeu a graça e a alegria que
havia proporcionado durante décadas à juventude da nossa terra, e a
todos quantos na festa se queriam incorporar. Durante o interregno que
se seguiu - o qual foi mais prolongado em Moçâmedes que em outras cidades de Angola, como o Lobito e Luanda - , as festas passaram a
ser realizadas no interior dos salões dos Clubes desportivos da cidade e
em casas particulares, através de Bailes e "assaltos" de Carnaval, ou
de um ou outro concurso de máscaras juvenis, e pouco mais. Tenha-se em
conta que, com o início das comemorações das "Festas do Mar" em
1961, muito do brilho do Carnaval foi desviado para as essas festas,
cujas datas eram muito próximas.
Saltemos então uns anos adiante. Eis-nos em 1974, mês e meio antes do golpe militar de 25 Abril que
veio depôr o Estado Novo, e instaurar a democracia em todo o Portugal. Ou seja, a pouco mais de ano e meio para independência de Angola. Os desfiles voltaram, não tão rapidamente como se esperava , nem com o deslumbramento que veio a adquirir em
cidades como Luanda Lobito, que
apresentavam já com uma certa organização, regulamentos próprios e um
novo tipo de promoção que incluia desfiles cada vez mais grandiosos com
trajecto previamente demarcado, etc, transformando-se em cartaz
turístico.
Fotos cedidas por um moçamedense
Nesse
derradeiro Carnaval de Moçâmedes assistiu-se a um desfile mais organizado em torno da
Avenida da República que teve a participação de jovens africanas e
jovens europeias como estas duas fotos testemunham, numa delas jovens africanas brasileiramente
vestidas, com sedas e setins alaranjados, brincos, colares, turbantes,
etc., noutra, jovens europeias exibindo trajes que evocavam usos e costumes da cultura
greco-romana, raiz da cultura europeia, onde não faltava o coche,
símbolo do poder monárquico dos séculos XVII e XVIII europeu.
Mas também desfilarem carros alegóricos que transportavam em sí outras mensagens, como o da JAEA (Junta Autónoma de Estradas de Angola), a sugerir a nova Angola progressiva e multirracial que se pretendia para o futuro...
Alexandrenses parodiando o seu último Carnaval em terras do Namibe. Foto de Alvaro Faustino.
1974, no recinto do Ferrovia. Foto de Alvaro Faustino
Ainda aqui, a situação
mantinha-se calma nas cidades litorâneas do sul de Angola, e nada
parecia perturbar ou demover a vontade das gentes de Moçâmedes e de
Porto Alexandre de se manterem em Angola e de se divertirem.
Por esta altura o panorama social tinha mudado. Graças ao fruto da nova política de um assimilacionismo acelerado, levada a cabo pelo Estado Novo, a partir de 1960. Já muitos africanos ocupavam lugares de destaque um pouco por toda a Angola, sobretudo no funcionalismo público. O Estado Novo nunca concedeu o mínimo de autonomia aos Governadores Gerais e as gentes das colónias progrediam de acordo com as directivas do terreiro do Paço.
Esta é a memória de um tempo que nos apraz aqui registar, um tempo que não volta mais, o tempo da nossa infância e adolescência descontraída e feliz, o tempo da 1ª década da nossa vida adulta, a fase mais transformadora, decisiva e definidora, no decurso da qual me vi forçada a mudar o rumo da minha caminhada.
Ocorrida a independêcia de Angola, as tradicionais "danças indígenas" voltaram em força. Já não às ruas de
Moçâmedes, mas às ruas da cidade do Namibe. "Danças de rua" esta, genuinamente africana nas suas raízes mais
populares, mais primitivas, como que sobrepujando o formalismo "pomposo" do
desfile de carnaval à europeia...
Cantando, dançando e batucando, este 1ºo Carnaval pós independência, possibilitava de novo o extravazar de emoções por demasiado tempo contidas na alma do povo.
Cantando, dançando e batucando, este 1ºo Carnaval pós independência, possibilitava de novo o extravazar de emoções por demasiado tempo contidas na alma do povo.
Fucam estas recordações!
MariaNJardim
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AINDA SOBRE O CARNAVAL
O Carnaval começou há mais de 4 mil anos antes de Cristo, no antigo Egipto, com determinados rituais de cariz religioso e agrário na época das colheitas, tais como as festas de culto a Ísis. A partir de então as pessoa pintavam os rostos, dançavam, bebiam, divertiam-se, libertavam tensões acumuladas. Há também indícios que o Carnaval tem origem em Roma em festas pagãs, rituais de orgia e danças em homenagem ao Deus Pã e Baco. Eram as chamadas Lupercais e Bacanais ou Dionísicas.
Na Idade Média, predominavam os jogos e disfarces. Em Roma havia corridas de cavalos, desfiles de carros alegóricos e divertimentos inocentes como a briga de confetes pelas ruas. O baile de máscaras foi introduzido pelo papa Paulo II, no século XV, mas ganhou força e tradição no século seguinte, por causa do sucesso da Commedia dell'Arte. As mais famosas máscaras era e ainda são as confeccionadas em Veneza e Florença, muito utilizadas pelas damas da nobreza no século XVIII como símbolo máximo da sedução.
Com o advento da Era Cristã, a Igreja para conter os excessos decidiu-se pela inclusão do período momesco no calendário religioso, e o Carnaval ficou sendo uma festa que termina em penitência na quarta feira de cinzas. Mas estas acentuavam no período que antecedia a Terça-feira Gorda (o último dia em que os cristãos comiam carne antes do jejum da quaresma), no decurso do qual haveriam que ter també abstinência de sexo e até mesmo das diversões, como circo, teatro ou festas. De acordo com o calendário gregoriano, o Carnaval é uma festa móvel cuja data é indicada pelo domingo de Páscoa, também para que não coincida com a páscoa dos judeus. regra,segundo a qual o domingo de Carnaval cairá sempre no 7º domingo que antecede à Páscoa.
Na Europa um dos principais rituais de Carnaval foi o Entrudo, termo latino que significava a abertura da Quaresma, existente desde 590 d.C., quando o carnaval cristão foi oficializado. O povo comemorava comendo e bebendo para compensar o jejum. Mas, aos poucos, o ritual foi se tornando bruto e grosseiro e atingiu o máximo de violência e falta de respeito em Portugal nos séculos XVII e XVIII, com homens e mulheres a atirarem água suja e ovos das janelas dos velhos sobrados e balcões, enquanto nas ruas havia guerra de laranjas podres e restos de comida e se cometia todo tipo de abusos e atrocidades.
MariaNJardim
Nota: Respeitem este trabalho. Se vierem aqui retirar algo, não esqueçam os créditos referenciando este blog.
Bom dia,
ResponderEliminarO meu nome é Bruno Silvestre, filho de Sebastião Silvestre Júnior.
Já vi que tem muita
informação sobre Moçamedes 1920 a 197's. Já vi informação sobre o meu pai postada no seu blog, e julgo tamb´wm terá dos meus avós. Se tivesse algo decumentado e se podesse partilhar comigo, agradecia.
Gostaria saber um pouco mais sobre o meu avô que não tive a oportunidade de o conhecer. Aminha avó era uma princesa cuanhama, e o meu avô português de Castelo Branco. Sebastião Silvestre.
Se tiver algo nos seus arquivos agradecia.
Obrigada pela atenção
Cumprimentos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSou sobrinho de Maria CELINA.
EliminarVidreiro.pedro@gmail.com.