quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Bochimanes do Sul de Angola



Por causa desta notícia, na Survival International, sobre os bosquímanos (os povos Khoisan), que conheci na Handa (região da Mupa, Angola), releio Estermann*:

 «Como é sabido, estes primitivos devem o nome, por que são conhecidos, aos colonos Holandeses do Cabo, que os denominaram “Bosjesmannen” (em inglês “Bushmen”), que quer dizer “homens da floresta”. [...] A maioria dos Bochimanes do Sul de Angola pertence à tribo !Kung (! é o sinal gráfico para o clique gutural). [...] Embora não sejam precisamente “vermelhos”, como os negros dizem, a cor da pele é muito mais clara do que nos Bantos. É acastanhada, às vezes até amarelada, duma amarelo claro. [...] As mulheres gozam duma grande independência [...] a monogamia era imposta aos homens pelas mulheres, que não tolerariam rivais. [...] não praticam a circuncisão. [...] para eles o “Ente Supremo” se chama //Gaua (// é o sinal para o clique lateral). [...] Gaua, que é sempre invocado nas necessidades. “Todos os dias pedimos-lhe assim” - disse um velho- “paizinho, deixe-nos ficar fartos hoje!” [...] os Negros julgam inútil ou indigno falar a língua dos “selvagens”. Todos os homens da raça bochimane, mais raras vezes as mulheres, falam uma língua banta. Mas, o que é afinal que nos faz parecer cómica a língua bochimane? É o emprego dos cliques ou estalinhos. [...] Os Bantos da região chamam estes povos pelo nome de Ova-kwankala [...] os do caranguejo. [...] empregando-o indistintamente para Bochimanes e Hotentotes. [...] O termo empregado para designar os Negros em oposição aos Ova-kwankala é Ova-yamba, que quer dizer - os que possuem bens, os ricos.»
Que será deles hoje? Estermann calculava, estimativamente, 4000 a 5000 em 1939.

* Estermann, Carlos, Etnografia de Angola, vol. 1, IICT, Lisboa, 1983, pp. 35-43.
Foto
+ 220 fotos (Namíbia, 1993)