sábado, 3 de novembro de 2012

Baía dos Tiges: incidente em 1904 entre a canhoneira Limpopo e a esquadra russa do Báltico - David e Golias.




"Quando a 6 de Dezembro 1904, pelos 8 horas da manhã, os japoneses chegam por fim ao cimo da “colina 203” para iniciarem logo no dia seguinte o bombardeamento e destruição final dos restos da esquadra russa do Pacífico, a primeira divisão da nova esquadra russa do Báltico entrava na Baía dos Tigres em Angola onde se encontrava a canhoneira portuguesa Limpopo sob o comando do tenente Silva Pereira, que, de imediato se dirigiu ao couraçado Kniaz Suvarov para interpelar o almirante-comandante da esquadra Rozhestvenski aí embarcado, dizendo-lhe que estava em águas portuguesas.

O almirante russo negou tal facto, pois estaria é certo na Baía dos Tigres, mas a mais de três milhas da costa. O oficial português respondeu que as águas nacionais começavam na linha que unia os extremos da baía. Após uma longa pausa, o almirante russo pediu 24 horas de permanência de acordo com as cláusulas do Direito Internacional, o que lhe foi concedido pelo tenente Silva Pereira, como escreveu no seu relatório.

Para o historiador alemão Frank Thiess, a pequena canhoneira Limpopo terá levantado ferro e navegado para Moçamedes onde estaria o cruzador britânico Barroso. Para o comandante J. Bouteille de um navio mercante não russo que integrava a esquadra russa, a Limpopo terá ameaçado disparar contra a poderosa 1ª Divisão russa se permanecesse em águas portuguesas mais de 24 horas. "

Que grande coragem e sentido do dever. Um canhoneira de um lado e uma poderosa esquadra.

Ver mais aqui:
1 http://lagosmilitar.blogspot.pt/2010_03_01_archive.html
2 http://naval.blogs.sapo.pt/31355.html


Imagem retirada do blog NRP Alvares Cabral F336

O prolongamento dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes , no troço Sá da Bandeira / Chibia: AUTO de 26 de Julho de 1948



Auto  assinado em 26 de Julho de 1918, pelo Governados Geral de Angola, Agapito da Silva Carvalho, que deu início ao prolongamento dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes , no troço Sá da Bandeira / Chibia

 




http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1953/N1577/N1577_master/GazetaCFN1577.pdf.

Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, fundador de Moçâmedes



 


Recordai, hoje e sempre, com admiração, o homem, o herói e o mártir que fundou Moçâmedes

Terá Moçâmedes esquecido o seu fundador?
Responde-se: de todo, não. Mas talvez não lhe tenha dado ainda o preito de justiça, de amor, de gratidão à altura dos seus méritos.

Em 1960, o Sr Dr. António Abrantes Tavares visitou a cidade de Moçâmedes. Regressando à Metrópole escreveu uma carta ao Sr Dr. Vasco de Campos relatando o que nessa cidade lhe fora dado observar. Transcrevemos a carta:

"Moçâmedes é uma cidadezinha fresca, limpa e agradável, com um hotel muito bom e bem arejado. A baíanão é grande, mas é bonita. Tem uma bela avenida, quase marginal, e bons prédios.

Estive na Câmara, um belo edifício antigo, onde os bárbaros já se meteram a fazer asneiras.
Cavaquei longo tempo com o Secretário, homem já cheio de anos, e lhe disse que iria à Fazenda dos Cavaleitros.  Soube por ele que vivia na cidade um parente do Patriarca de Moçâmedes e, portanto,
seu parente também, e foi comigo procurá-lo para mo apresentar. É um senhor já de setenta e muitos anos, bem conservado e dono de uma cerâmica. Suponho que tem meios de fortuna. Chama-se José de Pina Martins Abreu e Castro, e disse ter nascido na Quinta da Pelada, e ser sobrinho do Dr. João Martins. Conhece ai os nossos sítios e lá esteve a recordá-los comigo. Dei-lhe conta da parentela que por ai tinha, e despedimo-nos depois de bem cavaquear.

O secretário da Câmara mostrou-me um mapa em tela, mandado elaborar pelo velho governador local, onde estão assinaladas as terras das margens do rio Bero distribuidas aos colonos. Lá está marcada a grande Fazenda dos Cavaleiros. Prometeu-me uma cópia daquele documento, indispensável para a história da colonização de Moçâmedes. Se o receber farei o possivel para lhe mandar também uma cópia.

Finalmente meti-me num táxi, e lá fui para a Fazenda. Atravessei as chamadas "Hortas de Moçâmedes", onde vi belos olivais, vinha, batatais, feijoais, tomatais e demais primores, conjuntamente com bananeiras e citrinos em bordadura.

A Fazenda do seu tio-avô fica a mais de três quilómetros de distancia, e por caminho em parte bastante mau. Levava a ideia de fotografar a velha amoreira, se existisse, e bem contente fiquei quando apareceram uma vultuosas figueiras indígenas que delonge me pareceram amoreiras. Cheguei bem carregado de pó, pois a parte da Fazenda que vi é agora um areal estéril.




Num alto, dominando toda a extensão do dominio rural, erguem-se as ruinas de uma velha casa, que supunha ter sido a casa do fundador. Perto do local há umas cubatas de pretos, e um velho deu-me uma correcta informação dos donos da Fazenda. Foi de um branco - disse. Depois foi da Companhia - a Companhia do Sul de Angola - e depois do Venâncio - Venâncio Guimarães, e agora é de um fulano de quem disse o nome, mas eu não o retive. Segundo o preto, as ruinas eram da casa do branco.
Da amoreira, o preto não soube dar fé.

No salão nobre da Câmara, no lugar de honra, lá está o retrato a óleo do velho Bernardino, rodeado de outros notáveis, Gostei de ver, e ergui uma breve prece por aquele que foi, sem dúvida, um corajoso pioneiro e homem de acção.

Aqui tem uma breve reportagem, e lamento não ter tido tempo para cavaquear com os velhos, para ver o que haveria ainda na tradição oral.

Digo-lhe porém que a lembrança do velho Bernardino vive, como um protector da cidade, na lembrança de toda a gente, incluindo a rapaziada desportiva. Quando disputam futebol com Sá da Bandeira, invocam Bernardino, e quando começam a falar nele, nada lhes resiste. Ainha há pouco tempo estavam a perder um jogo e começavam da assistência a animar os jogadores: "Ber-nar-dino! Ber-nar-dino!" Pois acabaram ganhando, e atribuiram ao incitamento e apoio espiritual de Bernardino!

Veja pois, como está viva a memória do grande pioneiro!".

                                                               ********************

Tudo isto é muito, mas não basta. É preciso erguer no coração de Moçâmedes um grande monumento ao fundador! É preciso erguer nio coração de Nogueira do Cravo, um grande minumento ao maior filho daquela ridente povoação!

Do livro: "Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, fundador de Moçâmedes" Padre José Vicente (Gil Duarte). Agência Geral do Ultramar, 1969.