quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Baía dos Tigres e a origem do nome

HIENA CASTANHA encontradas em todo o sul da África, e particularmente em Angola, Namíbia, África do Sul, Botswana, Lesotho, Moçambique, Malawi, Suazilândia e Zimbabwe. 

DUNAS DOS TIGRES


DUNAS DOS TIGRES



Três versões existem  sobre a origem do nome da “Baia dos Tigres”. Uma delas está relacionada com a coloração "tigrada" que as altas dunas do lado continental da baía apresentam quando vistas à distância, a partir do mar. É a versão defendida por André Guilcher, Carlos Alberto Medeiros, José Esteves de Matos e José Tomás de Oliveira, em “Les Restingas (Flèches Littorales) d’Angola, spécialement Celles du Sud et du Centre” Finisterra, vol. IX, nº 18, Lisboa 1976, pp. 171-211.  Segundo os defensores desta versão, a areia das dunas que são geralmente claras, possui minerais pesados em abundância  --granada, a, magnetite, ilmenite, zircão, anfibólio, turmalina verde—metais que o vento concentra em grandes faixas nas partes baixas das mesmas dunas, e que vistas do mar, ao ganharem o aspecto riscado avermelhado, fazem lembrar a pele de tigres. Como se sabe, na Baía dos Tigres não há tigres.

A 2ª  versão é a de que o nome Baía dos Tigres está relacionado com o ruido causado pela fricção que o vento sul exerce quando sopra com violência sobre a areia no alto das dunas, ruido que fez levantar a crença de que ali houvesse tigres. Esta versão é defendida por J.Pereira do Nascimento no seu livro Exploração Geográphica e Mineralogica no Districto de Mossâmedes em 1894-1895.

A 2ª versão deve-se a notícias da existência na Baía dos Tigres  de cães de grande porte que faziam lembrar tigres, quando lá chegaram os primeiros portugueses. Henrique Abranches escrevia no seu livro Senhores do Areal, sobre esses cães em relação aos quais se contavam versões diversas, uma delas referia  que no século XVIII um navio não identificado tinha naufragado ao largo dos Tigres, e os cães que vinham a bordo, únicos sobreviventes, nadaram rumo à  costa, fixando-se naquela região desértica paupérrima e, sem água, tiveram que se adaptar comendo o peixe morto que vinha dar à praia, ou caçando raposas, aves marinhas utilizando técnicas de guerrilha, que lhes permitiam capturar.  Uma outra versão contava que em tempos recuados instalara-se em Moçâmedes uma epidemia de raiva e que a Administração ordenara a morte de todos os cães, mas algumas pessoas, apiedadas meteram-nos a bordo de uma barcaça e rumaram para o Sul para os depositar em qualquer praia, bem longe, mas em vida.  Deixam-nos na Baía dos Tigres onde não havia água doce, e esses animais depressa aprenderam que a espuma das ondas que molhavam o areal não era salgada, e nos longos marasmos do vento, lambiam a superfície da água inerte com um espelho, que também não tinha sal. Nesse ambiente cruel, aprenderam a viver e multiplicaram-se, tornando-se eles próprios tão cruéis como o meio.

Muito recentemente o nosso conterrâneo Aurélio Baptista,  como conhecedor da região, avançou uma 3ª versão que nos parece digna de ser apreciada e levada em consideração. Baseia-se na leitura e na interpretação  que fez do depoimento do explorador inglês Willian T Messum  que referencia deste modo a presença de hyenas de que a Baía dos Tigres seria   infestada : “Aqui accendemos lume e nos preparamos para ficar a noite, mas tivemos sempre sentinela, porque, nas minhas viagens, nem antes nem depois, eu nunca senti tão espantosas vozes de hyenas ou lobos, e toda a noite em roda de nós; que só se dispersaram exactamente quando o dia estava para romper”.  Refere Aurélio: Ora, para um leigo, estas palavras teriam passado despercebidas, mas não passaram a Aurélio Baptista, conhecedor da região, logo se lembrou das hienas que por ali habitam, ou seja da “hiena castanha”  cujo  habitat se resume ao deserto do Namibe e Kalahari. Trata-se de um animal que pode atingir 1,40mts de comprido, 90cm de altura e pesando até 60kgs, que possui uma pelagem tigrada, e, por tal, poderiam ser tomados por tigres pelos exploradores e marinheiros do séc. XVII e XVIII,  nessa época de informação escassa. Este o ponto de vista de Aurélio Baptista :  foram estes animais , as hienas castanhas, que originaram a denominação de Baía dos Tigres à Enseada das Areias/Grande Baia dos PeixesAinda relacionado com hienas.

Alexandre Magno de Castilho, que passou pela Baia dos Tigres em 1867, referiu: “Só vimos muitos quadrupedes parecidos com rapozas muito grandes…  

 

Sobre "hienas castanhas" : Habitat e distribuição

Hienas-castanhas podem viver em áreas onde o índice de chuva não seja maior que 100 mm por ano. Além de sobreviverem com pequenas quantidades de água, elas também conseguem um pouco de líquido das carcaças e das frutas que comem. Um dos alimentos principais das hienas em áreas semi-áridas são os vários tipos de melão, que suplementam a necessidade de água do animal. Sua predileção por melões às vezes as leva a conflitos com fazendeiros, que às vezes matam hienas-castanhas apesar de serem protegidas em alguns países. As hienas-castanhas são encontradas em todo o sul da África, e particularmente na Angola, Namíbia, África do Sul, Botswana, Lesotho, Moçambique, Malawi, Suazilândia e Zimbabwe.

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