domingo, 5 de outubro de 2008

O farol da Ponta Albina albergava um hóspede de peso

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Porto Alexandre

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Era a maior povoação digna desse nome,a mais a sul de todas.Angola terminava com o farol da Ponta Albina,e mais abaixo, de raspão junto à fronteira,a Baía dos Tigres finalizava-a mesmo.Paragens desertas e inòspitas.O farol da Ponta Albina albergava lá um hóspede de peso, era em simultâneo faroleiro e preso ao mesmo tempo.Paradoxo dos paradoxos,mas Angola ao tempo era rica em paradoxos.A creatura para ali estava naquela imensidão e ainda por cima com mordomias do estado.Vièmos a saber depois que se tratava do Sr.Simão Toco,este senhor era nem mais nem menos que um poderoso patriarca religioso que, aglutinava ao tempo milhares e milhares de seguidores,pràticamente em todo o norte de Angola,e até para lá da fronteira pois os povos das duas zonas eram os mesmos Quicongos.Quem estava em Angola ao tempo sabia bem o que era o tocoismo.O que é curioso é que o homem estando preso,era em simultâneo funcionàrio do estado português com a categoria de faroleiro.Os mantimentos faziam-se-lhe chegar da seguinte maneira.No período das marés vivas e em plena vazante,o jipão fazia-se à praia e era vê-lo com o prego a fundo a calcurrear a distancia que nos separava do farol.O cabelo flanava qual bandeira em desfralda, o peito ao léu recebia os ventos marítimos como um bàlsamo, contrariando o ar seco e abafadiço do deserto; foram tempos de vida em plenitude.as trocas eram feitas e raramente se podia fazer a viagem de regresso na mesma vazante esperando pois pela seguinte.O homem à despedida abriu-se-nos, num sorriso franco,e bom.E lá fomos.

publicada por drakemberg

1 comentário:

Anónimo disse...

E foi assim mesmo. Tenho como dissertação de Mestrado sobre o Tocoismo angolano. É de facto uma história fascinante pois, ali aglomeravam pessoas à volta de Toco
em busca de esperança e conforto para as suas almas desesperadas com a situação que viviam.