Por causa desta notícia, na Survival International, sobre os bosquímanos (os povos Khoisan), que conheci na Handa (região da Mupa, Angola), releio Estermann*:
«Como é sabido, estes primitivos devem o nome, por que são conhecidos, aos colonos Holandeses do Cabo, que os denominaram “Bosjesmannen” (em inglês “Bushmen”), que quer dizer “homens da floresta”. [...] A maioria dos Bochimanes do Sul de Angola pertence à tribo !Kung (! é o sinal gráfico para o clique gutural). [...] Embora não sejam precisamente “vermelhos”, como os negros dizem, a cor da pele é muito mais clara do que nos Bantos. É acastanhada, às vezes até amarelada, duma amarelo claro. [...] As mulheres gozam duma grande independência [...] a monogamia era imposta aos homens pelas mulheres, que não tolerariam rivais. [...] não praticam a circuncisão. [...] para eles o “Ente Supremo” se chama //Gaua (// é o sinal para o clique lateral). [...] Gaua, que é sempre invocado nas necessidades. “Todos os dias pedimos-lhe assim” - disse um velho- “paizinho, deixe-nos ficar fartos hoje!” [...] os Negros julgam inútil ou indigno falar a língua dos “selvagens”. Todos os homens da raça bochimane, mais raras vezes as mulheres, falam uma língua banta. Mas, o que é afinal que nos faz parecer cómica a língua bochimane? É o emprego dos cliques ou estalinhos. [...] Os Bantos da região chamam estes povos pelo nome de Ova-kwankala [...] os do caranguejo. [...] empregando-o indistintamente para Bochimanes e Hotentotes. [...] O termo empregado para designar os Negros em oposição aos Ova-kwankala é Ova-yamba, que quer dizer - os que possuem bens, os ricos.»
Que será deles hoje? Estermann calculava, estimativamente, 4000 a 5000 em 1939.
* Estermann, Carlos, Etnografia de Angola, vol. 1, IICT, Lisboa, 1983, pp. 35-43.
Foto
+ 220 fotos (Namíbia, 1993)