O aristocrático mausoléu onde repousam os restos mortais de JOÂO DUARTE DE ALMEIDA
O aristocrático mausoléu onde repousam os restos mortais do Dr. JOÂO CABRAL PEREIRA LAPA E FARO
A morte na história da humanidade sempre foi a única certeza, e com
ela o desejo de encontrar o caminho para a imortalidade. No antigo Egito os faraós
buscavam em suas pirâmides aceder à vida eterna. O reis e heróis da Grécia Antiga deixam seus
feitos registados para a posteridade como forma encontrada para alcançarem a imortalidade. Daí que os Cemitérios ou necrópoles de todo o mundo ultrapassem as funções ritualísticas e
religiosas, sejam olhados como lugares de tristeza e de dor, espaços onde os entes queridos encontram o repouso eterno, para se tornarem no tempo actuais, também, um património
histórico, artístico e cultural, lugares de memória, que guardam
Historia, que exibem Arte, e, assim sendo, caminhar por um Cemitério pode proporcionar muito mais que sentimentos de perda irreparável de um ente
querido, a arte tumular pode despertar os sentidos, trazer prazer ao
observador. Cemitérios oferecem-nos uma viagem no tempo, eles contam histórias sobre a História e sobre as gentes que habitaram as
cidades, são testemunhos do ambiente político, artístico, cultural e
social da sucessão das épocas desde que foram construídos, obedecem em quase tudo à organização das cidades dos
vivos. Possuem ruas e sepulturas numeradas, tal como as
portas das casas, possuem capelas, sepulturas nobres e caras, simples
campas de terra batida, zonas mais e menos valorizadas onde costumam
estar sepultadas as personalidades mais influentes e menos influentes da terra, mantendo uma hierarquização social que se estende além da vida.
Com a avançar do século XX, entrada no século XXI e a opção dos crematórios, os Cemitérios perderam o esplendor dos velhos tempos,
enquanto depósitos de corpos sem vida, para se tornarem verdadeiros Museus ao ar livre, uma mais valia a conhecer e a explorar. Como defende Francisco Queiroz: “a arte fúnebre foi criada para
homenagear os mortos, mas também para os vivos desfrutarem dela”.
Seguindo o exemplo de outros países, as
Câmaras em Portugal começam a investir na preservação dos Cemitérios. Em Paris a prática da visitação
turística de Cemitérios instalou-se no início do século XIX. Em Lisboa, há visitas guiadas gratuitas duas vezes por mês, aos sábados ao Cemitério dos Prazeres, sendo a procura cada vez maior, e as receitas crescentes com o aumento do turismo cemiterial. Neste Cemitério, o terceiro maior da Europa, as visitas ao jazigo dos duques de
Palmela batem records em termos de visitação
turística. Por tudo isso, em grande número de países, Cemitérios tornaram-se
espaços de visitação turística disputadíssimos. A Rota Europeia dos Cemitérios é hoje uma realidade entre os povos que
melhor os souberam preservar a
velha casa dos mortos. A prática de visitar
cemitérios pelo simples prazer de os conhecer tem até um nome: o Necroturismo.
Abstraindo-nos da consideração que todos os mortos merecem,
independentemente do seu estatuto social, não podemos deixar de chamar a atenção para os mausoléus "aristocráticos" ainda hoje existentes no Cemitério de Moçâmedes, erguidos em homenagem a colonos fundadores, a maioria dos quais pela Câmara Municipal da cidade. Resistentes ao tempo e à degradação, esses artísticos mausoléus, juntamente com um ou outro Jazigo familiar de construção alguns doa quais já do século XX, imprimiam ao Cemitério de Moçâmedes aquele aspecto "dignificante" que ia muito para além de um "quintal de mortos", como alguém lhe chamou. A maioria das sepulturas eram singelas, umas cobertas a mármore branco (uma das riquezas industriais do Distrito), outras contornadas por um simples muro pintado a cal branca, todas encimadas por uma cruz, símbolo dos cristãos. Algumas com dedicatórias, no geral um conjunto que se articulava bem com uma população de gente pobre e remediada que fez do mar, ao amanho da terra e ao comércio o seu ganha pão. Em Moçâmedes os ricos sempre foram muito poucos, se é que se poderiam assim considerar, comparando com as fortunas de hoje. Mas havia, e João Duarte d' Almeida, aquele a quem aqui abordaremos, podia se considerar um deles. Muitas das mais humildes sepulturas já desapareceram, outras vão resisindo ao tempo e à degradação. Os "aristocráticos mausoléus", bem como os jazigos de família parecem em bom estado. O Cemitério no geral era simples, mas arrumadinho e sempre coberto de flores.
Este assunto é trazido aqui porque talvez um dia Moçâmedes e este Cemitério venham a ter o
lugar que merecem, na rota do Turismo nacional e internacional... A cidade e o distrito têm condições para tal, e se assim for talvez este
Cemitério e estes aristocráticos Mausoléus, sob os quais respousam restos mortais de colonos fundadores, venham suscitar a curiosidade de guias turísticos, de estudantes em busca de História para as suas teses, de escritores,
historiadores, jornalistas, curiosos, enfim, nacionais e estrangeiros, fonte de divisas. Governar exige alcance e visão! Moçâmedes é uma cidade carente de monumentos, carente de símbolos desta dimensão, não os deveria
desperdiçar. Estes Mausoléus merecem ser olhados como aquilo que na verdade são: monumentos históricos ligados à fundação da cidade! Quem dera a qualquer um país europeu, engajado ou não na via do Turismo Internacional, encontrar, ao escavar a terra do seu território, simbolos da presença do Império Romano... O Cemitério de Moçâmedes está ali, quase sem custo nem grandes trabalhos, excepto os da sua preservação, a oferecer-se a quantos o o quiserem visitar ... e "beber" um pouco da História da cidade e Distrito! Apenas espera o reconhecimento e a preservação que tardam em chegar!
Sem fazer a apologia do colonialismo, baseando-me apenas em relatos de
factos, abordarei em seguida alguns dos mais importantes aspectos da vida e da obra de duas personalidades, que acompanharam o despontar da cidade Moçâmedes, à qual dedicaram todo o seu esforço e labor , cujos restos mortais repousam neste Cemitério sob dois artisticos Mausoléus: o grande agricultor João
Duarte d´' Almeida, e o 1º médico-cirurgião da cidade, o Dr.
João Cabral Pereira Lapa e Faro.
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João
Duarte d´' Almeida, considerado um dos colonos fundadores, embora não
tivesse feito parte de nenhum dos grupos de colonos vindos de
Pernambuco, Brasil em 1849 e 1850. Era natural de Midões, (Beira Baixa - Portugal), e com mais 4 irmãos era
filho de João Duarte de Almeida (bacharel em medicina), e de D. Ana
Emília Duarte de Almeida (nome de solteira Ana Emília Brandão, natural
de Midões, prima co-irmã do célebre João Brandão, político caído em
desgraça em Portugal). Nasceu em 26 de Março de 1822 e faleceu no dia 9
de Julho de 1898, em Moçâmedes, onde repousa no Cemitério local, sob
artístico mausoléu mandado erguer por sua esposa e filhos.
O artístico mausoléu só por si já é uma obra de arte para quem tenha a
capacidade de para ele olhar e o apreciar, numa terra tão carente de
monumentos. O túmulo de João Duarte d' Almeida, erguido por subscrição
pública, não apenas se distingue e se projecta no Cemitério de
Moçâmedes, mas também evoca memórias ligadas aos primórdios da
colonização, e remete para a História das Religiões e para a História
das Mentalidades.
João Duarte d' Almeida foi um grande agricultor, um empreendedor de
sucesso, um desbravador de terras incultas, cujos produtos, alguns anos
apenas a seguir a fundação já estavam presentes em várias exposições
agrícolas e industriais (de Paris, de Antuérpia, do Porto, etc), onde
foi contemplado com medalhas de ouro pela boa apresentação. Produtos de
Moçâmedes!
Não é possível falar de Duarte de Almeida com propriedade, sem falar da terra que o pioneiro viu nascer. João
Duarte d'Almeida foi protagonista de momentos-chave na História de
Moçâmedes, inde deixou a sua marca. Eis, para memória futura, alguns
feitos ligados a Moçâmedes e à sua pessoa:
- Assinou a célebre "Escritura de Promessa e Voto", acto solene do
reconhecimento do 4 de Agosto de 1849, como dia de Moçâmedes, a celebrar
anualmente, na Igreja Matriz, com missa rezada e cantada com "Te Deum
Laudamus", costume que ainda perdura.
-Esteve investido nos cargos de
juiz substituto e de Presidente da Câmara Municipal. E pelo alto
desempenho em favor do progresso de Moçâmedes foi agraciado com as
comendas das "Ordens de Cristo" e de "Nossa Senhora da Conceição de Vila
Viçosa".
-Juntamente com
Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, o chefe da 1ª colónia de 1849, desenvolveram
esforços pela abolição total do tráfico de escravos, então já abolido pela lei de 12 de Dezembro de 1836, mas que continuava a processar-se na clandestinidade. Ambos lutaram pelo de fim da
escravatura interna, e estiveram em contacto com o general
Sá da Bandeira, o paladino da abolição, a quem iam dando conta da situação na colónia, e a quem solicitaram o
estabelecimento de um regime de trabalho livre, contra situações de
escravatura interna. Sobre ambos caiu o odioso dos traficantes de Luanda e de Benguela que ansiavam por manter o seu status-quo. (1)
- O seu nome bem como da sua fazenda de S. João do Norte, estão
intimamente ligados ao cemitério de São Nicolau, um dos locais mais
interessantes para estudo da arte tumular Mbali ou Mbari, a arte tumular
do povo "quimbar", e à obra de um dos mais afamados canteiros negros –
Victor Jamba - um ex-escravo, serviçal que ele mandou especializar-se em
Lisboa em estelas funerárias, o que denota sensibilidade estética.
A Arte Mbali ou Mbari, arte invulgar em
África, surgida antes do seu falecido em 1898, representa uma cultura de
fusão (afro-cristã) que se traduz em cruzetas de pedra de filtro, e em
madeira ou cimento armado trabalhados, que eram colocadas nas sepulturas
um ano após a morte, por ocasião da "festa da cruzeta", à qual era
atribuída a tríplice função de propiciação do espírito do morto, sua
identificação e veneração. Os canteiros "quimbares" de Moçâmedes
inseriam nas cruzetas, trabalhos em relevo que descreviam o que as
pessoas haviam sido em vida, o que faziam, como eram fisicamente, os
seus interesses, os acontecimentos que as marcaram, e tudo isso através
da representação dos utensílios profissionais dos falecidos ou outros
símbolos identificadores, tais como a"mão cortada" (em representação dos
manetas); o "cachimbo de cangonha" (em representação dos fumadores); o
"leão" (para os caçadores); a "bola" (para o futebolista), e outros
símbolos mais como o "chicote", a "palmatória", o "cajado do capitão", a
"cobra de que fora mordido", o oficio que possuía ao falecer, etc...
Infelizmente as histórias que ali se contam são frágeis face às chuvas e
ventos fortes e muitas cruzetas acabavam partidas. Da sua autoria, eram
as estelas do "túmulo dos leõezinhos", as que representam um
tractorista, um tanoeiro, etc que ilustram alguns textos dedicados ao
assunto. Desconhecemos o que foi feito delas, se ainda existem ou em que
estado se encontram . Uma preciosidade para a História de Moçâmedes.
As ideias de João Duarte d' Almeida e de Bernardino Abreu e Castro,
desagradavam aos grandes comerciantes de tráfico negreiro de Luanda e de
Benguela, que não sabiam nem queriam lidar com outro tipo de
«mercadoria» se não o escravo. A exportação do marfim, da cera, da goma
copal, da urzela não lhes interessava nem aos seus concessionários, uns e
outros habituados aos grandes lucros, com pouco esforço. A incapacidade
de reconversão conduziu ao desespero as burguesias africanas destas duas cidades,
cujos textos históricos nos dizem que eram maioritariamente mestiças , resultado da fusão entre alguns brancos e negras,
que beneficiavam do vil negócio, em conluio sobas do interior próximo, intermediários
negros a partir do sertão. Esta organização envolvia negociantes na
sua maioria com interesses no Brasil e durante séculos alimentou a
economia angolana (feiras), bem como a Corôa portuguesa através dos direitos aduaneiro. Envolveu brancos, negros e mestiços, gente do lado
de cá e de lá do Atlântico que acabariam por entrar em decadência com a
vigilância marítima internacional e as pressões por parte do Governo
da metrópole, então nas mãos dos liberais. Foi apenas em 1869, que foi abolido o estado de escravidão, mas
há notícia que o trabalho compelido se arrastou por muito mais tempo, alimentou a nova ordem a partir de então estabelecida, e teve o seu término em 1961.
São algumas memórias que o túmulo de João Duarte d' Almeida evocam.
Positivas e negativas, temos que nos confrontar com elas, nunca pondo de
parte o contexto e as mentalidades da época! (2)
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Parando em frente ao mausoléu de um outro pioneiro da fundação, o Dr.
João Cabral Pereira Lapa e Faro, diríamos que o 1º médico-cirurgião da
terra, cuja vida foi quase toda vivida em Moçâmedes, onde faleceu,
embora não estivesse incluido no grupo dos de Pernambuco, Brasil, ali
chegados em 1849 e 1850, não se limitou a exercer clínica, entrando para
salvar as gentes da terra, tanto no Palácio como na mais humilde
palhota dos arredores. Em Moçâmedes o Dr. João Cabral Pereira Lapa e
Faro mandou construir a célebre casa da ex-Rua Calheiros, de
arquitectura de inspiração romântica, em "Arte nova", ou "Arte noveau",
que remonta aos primórdios da fundação, quando Moçâmedes pouco mais era
que um imenso deserto, a maioria das casas eram ainda precárias, e
difícil e até mesmo impossível era a obtenção do material necessário,
uma vez que tudo vinha de longe. O movimento "Arte nova", ou "Arte
noveau", surgiu em Paris na 2ª metade do século XIX, e espalhou-se pela
Europa, Estados Unidos e outros países do mundo, e chegou à África e a
Moçâmedes graças a este talentoso 1º médico-cirurgião de Moçâmedes que
deixou igualmente um palacete numa Horta vizinha do sítio da Aguada.
Em ambos os casos um riquíssimo património. Infelizmente nem no tempo
colonial, nem nos dias de hoje, o belo edifício em Arte Noveau, carente
de conservação e de restauro, tem recebido a consideração que merece.
Mas há outras facetas da vida deste médico, Lapa e Faro era uma
personalidade singular, ele próprio um artista, um artesão, um
apaixonado por África, comparado a um Robinson Crusué, pela sua
habilidade em todos os ofícios, capaz de cozer a sua própria roupa, seja
calça sejam chapéus, como tratar doentes na sua qualidade de médico que
comodamente visitava servindo-se de um carro de novo género, que tinha
por motor um boi-cavalo, e que havia mandado construir para transportar
as pessoas doentes ou fragilizadas, e para frequentar caçadas pelos
areais do Deserto do Namibe.
Preferia viver no campo, na sua casa da Horta ou na Quinta dos
Cavalleiros, vizinha da de Bernardino, onde tenciona ter-se-ia ocupado
da cultura do algodão.
Lapa e Faro acompanhou o major Rudski quando iniciou o primeiro
estabelecimento no Porto de Pinda, em 08.12.1854. Além de médico e
articulista foi um elemento activo na vida de Moçâmedes, a quem são
devidas várias realizações. No Diário da Câmara dos Deputados de 18 de
Janeiro de 1878 conta-se ter sido levado a debate o assunto da
construcção da casa para o tribunal de justiça, a construção do palácio
do governo, estudos para uma ponte de embarque o desembarque, e de uma
estrada de Moçâmedes para Huila, e ainda estudos para a construcção da
casa para repartição de obras publicas, deposito e observatório
meteorologico, casa para cadeia, casa para escola, hospital, quartel, e
para a conclusão da terraplanagem no interior da fortaleza. Cunha
Moraes, no seu "Album Photografico Descriptivo", publicado por volta de
1888, sobre as obras do Palácio-residência do Governador de Moçâmedes,
iniciados em 1858, por ordem do Governador Fernando da Costa Leal, e
concluído trinta e um anos depois, continuado mais tarde, conta que
estas decorreram segundo um risco de Lapa e Faro que veio sofrendo
várias modificações,.
Quantas memórias e quanta História estes túmulos suscitam !
João Duarte d' Almeida e o Dr. João Cabral Pereira Lapa e Faro são apenas dois pequenos
exemplos. Há muitos mais!
Pesquisa e texto de MariaNJardim
(1) Para quem deconhece, estes eram tempos de reconversão económica em
Angola, em que o General Sá da Bandeira, após a queda do regime absolutista em
Portugal, aproveitando-se de uma conjuntura favorável apressou-se a
publicar o decreto da abolição do tráfico de escravos em território
português. Existia até então em Angola, como em várias colónias de África,
todo um sistema económico montado na base do tráfico legal de escravos
para o Brasil e Américas, que passou a fazer-se na
clandestinidade, fugindo ao Decreto abolicionista e às brigadas
marítimas portuguesas e inglesas que patrulhavam a costa. Era um tempo de falta de braços de trabalho, de
fuga de escravos, em que o governo português fora levado a distribuir
os escravos libertados de navios negreiros apresados, pelas actividades
económicas em formação, e Moçâmedes também recebeu escravos libertados de navios negreiros apresados, sem os quais a ainda incipiente economia do distrito estava em risco de tudo deitar a perder.
(2) A História tem que ser compreendida tendo por base o quadro mental e cultural de cada época, e não à luz da concepções actuais.
Felizmente Moçâmedes nasceu quando era já encerrado o anterior pardigma de 3
séculos de tráfico de escravos, essencialmente dirigido para o Brasil,
mas não ainda a escravatura interna, que foi a forma que o poder centralizado na Metrópole encontrou, no contexto da "corrida a Africa"
de potência europeias cobiçosas, de aceder à mão de obra
barata, mesmo forçada, para o lançamento das infraestruturas essenciais,
no quadro de um novo paradigma colonial que se pretendia de fixação,
desenvolvimento e progresso.Também em causa a necessidade de atracção de
Companhias Majestáticas de capitais mistos para a colónia de que foi
exemplo a Diamang , que chegou a ser considerada "um Estado dentro de outro Estado" . Os colonos eram descapitalizados.
Um enfoque ao nível das mentalidades vigentes no Portugal esclavagista, remete-nos para um tempo contemporâneo da instituição "macabra" que se infiltrou e dominou
Igreja
Católica Tridentina, o Tribunal do Santo Oficio ou INQUISIÇÃO. Como admirar os nossos Reis e Nobres tenham enveredado para o tráfico, quando em pleno Rossio se queimavam pessoas, acusadas de
heresia, essencialmente Judeus, mesmo cristãos-novos, mas também simples mulheres curandeiras
acusadas de "bruxas", com todo o povo convidado a ver? Por esse tempo em que a medicina apenas ainda servia os grandes, e eram elas que através de mézinhas , benzedutas, etc. levavam aogum conforto às gentes mais humildes da população que era a maioria. Sabe-se que a vil Instituição já muito enfraquecida, foi abolida em 1920,
após o 1º embate da luta travada entre liberais e absolutistas. Em 1834 com o triunfo do liberalismo em Portugal, após 14 anos de lutas, em 12 de Dezembro de 1836,
foi apressadamente pelo mesmo General, abolido na lei o tráfico de escravos. Mas iria correr ainda muita tinta...
NOTA:
Em 1862 é publicado o livro de
autor anónimo, denominado “45 Dias em Angola", onde o autor, que esteve em Moçâmedes no ano de 1861, 12 anos após a fundação, refere deste modo, que de início os colonos iam a enterrar num terreno para os lados das Hortas, na periferia norte da cidade, e que naquela data já se encontrava erguido o Cemitério:
"... Entre as Hortas e a Villa, veem-se espalhados alguns túmulos e cruzes
toscas, levantadas em memoria dos primeiros colonos que alli se foram estabelecer.
Aquelle cemitério está abandonado, por terem feito outro em sitio mais próprio
e convenientemente disposto." Fim de citação
Este texto tem direitos de autor. Incorre em PLÁGIO, devassa da
propriedade intelectual, quem daqui o retirar e republicar sem a menção
da autora.